domingo, 17 de março de 2013

A Igreja e afins

Já li em tudo quanto é blog opiniões sobre a Igreja, sobre o novo Papa, sobre os sapatos vermelhos do senhor que resignou ao lugar, e mais umas mil coisas relacionadas com este tema. Penso que depois de alguns dias a ver as notícias e o que se fala do Papa Francisco, também eu posso falar sobre ele e da minha ligação à Igreja.

No outro dia referi aqui no blog que o vi quando estava numa churrasqueira e a primeira opinião que tive do senhor, manteve-se. Parece-me um homem bom, coisa que a Igreja realmente precisa. Gostei do jeito simples do senhor quando apareceu a primeira vez: levantou a mão e deu um "oi". Os anteriores levantaram os braços em tom de "Yeaaaah! Ajoelhem-se perante mim", mas este parecia nem querer acreditar que o tinham escolhido para "liderar" milhões de fiéis. Achei-o humilde.
Espero que faça um bom trabalho, que torne a Igreja num sítio mais simples e se for possível que acabe com a corrupção no Vaticano. Podia pedir para acabarem com a pedofilia, mas acho que isso, só quando permitirem aos padres e afins o direito ao casamento e mesmo assim, tenho as minhas dúvidas.

Eu andei na catequese por decisão própria. Entrei apenas no 2º ano pois os meus pais nunca fizeram grande questão de que fosse menina de igreja. Eles nunca foram praticantes: o meu pai acho que nem sequer acredita em nada que tenha a ver com Deus, a minha mãe começou a acreditar mais desde que as coisas começaram a piorar a nível económico e deve pensar que se rezar a mil santinhos ajuda. Não ajuda em nada! A fé serve apenas para dar uma esperança às pessoas de que o mundo vai melhorar, mas ou a pessoa faz por isso, ou ter fé não serve de nada. Como disse, entrei para a catequese no 2º ano e lá fui fazendo as etapas todas. Não fiz o crisma porque as pessoas da minha terra devem achar que só existo no facebook (ou nem isso). Fui para Lisboa estudar e como não ia à missa, já não podia fazer. Três anos depois se não estou em erro, crismaram umas 50 pessoas (algumas beatas fervorosas, outras por "conveniência"). A mim não me faz diferença ser ou não crismada, até porque não me vai fazer pior ou melhor pessoa. Os meus pais não são casados pela igreja e nem os meus padrinhos o eram, isto, aos olhos de alguns padres é logo uma barreira para o batismo. Contudo o senhor padre que estava na minha terra naquela altura era mais "moderno" que a maioria e não achou qualquer problema que nem pais nem padrinhos fossem casados na igreja. Fui batizada devia ter uns 8 anos.

Não posso dizer que não gostei daquilo que aprendi, mas desde menina que sempre fiz perguntas a mais e sempre detestei fanatismos. Desta forma, sempre tive alguns conflitos com as beatas lá da terra por fazer perguntas a mais ou fazer piadas. É a minha maneira de ser. Não consigo compreender aquelas mulheres que andam ali em roda do Padre prontas para satisfazer todos os seus desejos e que acham que pelo facto do padre lhes ser mais próximo, têm o seu lugar no céu já reservado.
Uma coisa que nunca compreendi foi a confissão. O que é que eu, com os meus 8 anos, podia dizer ao padre que tinha feito de errado? Já na altura dizia à minha mãe que não me queria confessar porque ele não tinha nada a ver com a minha vida e ainda hoje acho. A minha mãe dizia "inventa qualquer coisa". Era o que eu fazia. Depois disso, lá ia rezar os abençoados Pai Nosso e Avé Maria e pronto, estava desculpada das minhas asneiras (que nem asneiras eram). Lembro-me de uma vez que fiz uma lista para levar para a confissão com coisas que me fui lembrando (ex: aborreci a minha irmã - quase merecia arder no inferno) de forma a chegar lá e ter o que dizer. Consegui vencer o padre pelo cansaço. De uma outra vez, fui para lá fazer perguntas. Mandou-me embora. Não devia ser uma boa católica, pois a maioria ouve e obedece.

O melhor dos meus anos de catequese foi Taizé: uma comunidade ecuménica cristã em França. Passei lá uma semana e lá sim, há fé. Há simplicidade, paz, amizade e entreajuda. Foi o único sítio em que senti que existem centenas de pessoas com bom coração. Não é como ir a uma missa em que vemos que metade está lá para cair nas graças do padre e parecer que tem uma "família de bem" ou porque vai à missa "porque sim". Sei que vim de lá melhor pessoa e que aprendi imenso. Provavelmente nunca mais vou lá voltar, mas fico feliz por um dia ter visto a Igreja da forma que ela deveria ser: pura e verdadeira.

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